A LUTA ANTIRRACISTA E A LUTA DE CLASSE
- algoritmosputilov
- 6 de set. de 2020
- 3 min de leitura
''O Manifesto Comunista me atingiu como um raio. Li-o com avidez, encontrando nele respostas a muitos dos dilemas aparentemente irrespondíveis que me atormentavam. Li-o várias vezes, sem entender por completo todas as passagens nem todas as ideias, mas ainda assim cativada pela possibilidade de uma revolução comunista nos Estados Unidos. Comecei a ver os problemas do povo negro dentro do contexto de um amplo movimento da classe trabalhadora. Minhas noções sobre a libertação negra eram imprecisas, e eu não conseguia encontrar os conceitos certos para articulá-las; ainda assim, eu estava adquirindo algum entendimento sobre como o capitalismo poderia ser abolido.
Fiquei particularmente impressionado com uma passagem do Manifesto que retratava o proletariado como redentor de todas as pessoas oprimidas:
Todos os movimentos históricos têm sido, até hoje, movimentos de minorias ou em proveito de minorias. O movimento proletário é o movimento autônomo da imensa maioria em proveito da imensa maioria. O proletariado, a camada mais baixa da sociedade atual, não pode ergue-se, pôr-se de pé, sem fazer saltar todos os estratos superpostos que constituem a sociedade oficial * (Karl Marx, Engels, Manifesto Comunista)
O que me impressionou tão fortemente foi a ideia de que, uma vez que a emancipação do proletariado se tornasse realidade, estaria lançada a base para emancipação de todos os grupos oprimidos da sociedade. Em minha mente, surgiram imagens da classe trabalhadora negra de Birmingham subindo todas as manhãs até as usinas siderúrgicas ou descendo para o interior das minas. Como um exímio cirurgia, esse documento removeu cataratas da minha vista. Os olhos cheios de ódio da Colina Dinamite, o estrondo dos explosivos, o medo, as armas escondidas, a mulher negra chorando em nossa porta, as crianças sem merenda, o derramamento de sangue no pátio da escola, os jogos sociais da classe média negra, o Barracão I e o Barracão II, o fundo do ônibus, as revistas policiais --tudo faz sentido. O que parecia um ódio pessoal contra mim, uma recusa inexplicável das pessoas brancas do Sul em enfrentar as próprias emoções e uma persistente propensão das pessoas negras em aquiescer se tornaram a consequência inevitável de um sistema brutal que se mantém vivo e forte ao encorajar o rancor, a competição e a opressão de um grupo por outro. Lucro era a palavra: o motivo frio e permanente para o comportamento, o desprezo e o desespero que eu tinha visto.
Agora, eu sentia a necessidade de mudar algo em minhas ideias sobre a libertação. Percebi então que, apesar de minha aversão superficial a algumas atividades sociais da classe média negra, eu era dependente disso para guiar as pessoas trabalhadoras, desempregadas e pobres entre nós para a liberdade.
Óbvio, o impacto mais poderosos que o Manifesto teve sobre mim -- o que mais me inspirou -- foi a visão de uma nova sociedade, sem opressores nem oprimidos, uma sociedade sem classes, uma sociedade em que não seria permitido possuir tanto que se pudesse usar as próprias posses para explorar outros seres humanos. Depois da revolução comunista ''surge uma associação na qual o livre desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento de todos''.
As palavras finais do Manifesto inspiraram em mim um desejo esmagador de me lançar no movimento comunista:
Os comunistas se recusam a dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à ideia de revolução comunista! Nela os proletários nada têm a perder a não ser os seus grilhões. Tem um mundo a ganhar.
PROLETÁRIO DE TODOS OS PAÍSES, UNI-VOS! '' (Angela Davis, UMA AUTOBIOGRAFIA)
MARXISMO E A QUESTÃO RACIAL
Tese sobre a questão negra
https://www.marxists.org/portugues/tematica/1922/11/30.htm A internacional comunista e a questão racial
http://www.grabois.org.br/portal/autores/148654-39552/2015-03-02/a-internacional-comunista-e-a-questao-racial-1-parte O que é racismo estrutural silvio almeida
file:///C:/Users/usuario/Desktop/O%20que%20%C3%A9%20Racismo%20Estrutural%20-%20Silvio%20Almeida-compactado.pdf Florestan Fernandes significado do protesto negro
file:///C:/Users/usuario/Desktop/Florestan%20Fernandes%20-%20O%20significado%20do%20protesto%20negro.pdf

POLÊMICAS
Nossa negritude de pele clara
https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/bianca-santana/2020/07/28/nossa-negritude-de-pele-clara-nao-sera-negociada.htm Movimento negro repetem lógicas racistas
https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/bianca-santana/2020/07/28/nossa-negritude-de-pele-clara-nao-sera-negociada.htm Raças Humanas
PANTERAS NEGRAS VANGUARDA DA REVOLUÇÃO
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